Qual o futuro financeiro da geração Z?

Com a reforma da previdência, os nativos digitais precisam começar a se preocupar com a aposentadoria

Autor: Flávia VianaFonte: A Autora

A geração Z é a primeira que nasceu em ambiente totalmente digital. Fazem parte desse grupo os que nasceram no começo dos anos 2000 ou no finzinho dos anos 90. Eles já nasceram antenados com a tecnologia. Não fazem parte daqueles que viram as transformações analógicas acontecerem. Esses jovens chegaram ao mundo nos anos já dominados pela internet e pelo celular.

Eles também são chamados de nativos digitais, e começam a adentrar em suas vidas profissionais. De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os jovens da geração Z não estão preocupados com sua aposentadoria. A grande maioria deles não pensa em guardar para esse futuro tão distante.

Quase metade desses jovens nem sequer faz controle financeiro. Apesar de a geração Z ser considerada de nativos digitais, na hora de colocar as contas na ponta do lápis, utilizam de fato essa antiga ferramenta com um bloquinho de papel. Quase 30% deles se organizam financeiramente dessa forma tradicional.

Com muitos anos para viver até chegar o tempo de se aposentar, 75% deles não se preparam financeiramente para essa época futura de suas vidas. A pesquisa aponta que quase 80% deles têm algum tipo de renda, mas quase 30% afirmam não ter dinheiro suficiente para investir em previdência. Quase 30% também responderam que se acham muito jovens para pensar no assunto. Por volta de 1/5 dos jovens da geração Z também afirmam não saber como investir na previdência.

Assim, os planos de previdência privada estão um tanto longe dos planos desses jovens. Eles ainda acreditam que são jovens demais para tais preocupações, e para muitos deles, falta informação. Entre os que já se preparam para a aposentadoria, pouco mais de 25% aplicam na poupança e um pouco mais de 20% em previdência privada, além de 1/5 deles que contam com o pagamento do INSS pela empresa, que somam ou contribuem de forma autônoma.

A geração Z está mais preocupada em juntar dinheiro para emergências, viagens e futura compra da casa própria. A motivação deles é o que podem conquistar no presente e no futuro próximo, e trabalhar para realizar tais sonhos. A preocupação com a aposentadoria é deixada de lado, já que parece um futuro muito distante para pensar no assunto.

Especialistas apontam a importância de se investir na educação financeira desses jovens para que se envolvam mais com seus futuros econômicos. Os jovens acabaram sendo os mais afetados pela reforma da previdência. Vão ter que trabalhar por mais anos, e têm que pensar em como continuar contribuindo para o INSS, mesmo em épocas que não tiverem trabalho formal, para não perder tempo de contribuição.

Para garantir o futuro, é possível investir em um fundo de pensão, que seria um recurso complementar à aposentadoria pública. Com as dificuldades geradas pela reforma da previdência – com a idade ficando cada vez mais avançada para a aposentadoria –, a geração Z já pode ir pensando em como complementar a renda em seus anos avançados. É importante ficarem ligados nas empresas que comecem a trabalhar se elas oferecem fundo de pensão, para começar a pensar no futuro.

Podem também eles mesmos investirem em uma previdência privada. Se quiserem pesquisar mais sobre suas modalidades, devem procurar por Plano Garantidor de Benefício Livre (PGBL) e Vida Garantidor de Benefício Livre (VGBL). O segundo é recomendado para quem pretende contribuir por um bom tempo antes de começar a receber seu benefício. Os nativos digitais podem fazer suas buscas online para entenderem mais sobre os melhores tipos de previdência para eles.

Outros preferem usar o Tesouro IPCA para guardar dinheiro para a aposentadoria. Emitido pelo governo federal, os riscos são poucos. Há diversas ferramentas online para simulações. É possível saber quanto investir e qual será o retorno financeiro futuro. As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito Agropecuário (LCA) também surgem como opção para quem quer investir para o futuro.

A geração Z está entrando e se estabelecendo no mercado de trabalho, e vai enfrentando diversos desafios. Com a flexibilização das leis trabalhistas, muitos não conseguem emprego com CLT e acabam por ter que empreender. Os nativos digitais precisam se virar para adentrar o mercado de trabalho com poucas garantias. Eles estão se mostrando mais empreendedores, tanto pelas suas personalidades, quanto pela imposição econômica.

Esses jovens já estão bem acostumados com o universo de aplicativos, comunicação por videochamada e conectividade do mundo atual. Eles se expressam através de um código de linguagem mais simplificado. Os memes servem como inspiração. As chamadas telefônicas ficaram para trás, e os problemas são resolvidos por breves mensagens de texto ou áudio.

A jornada de trabalho tradicional de um dia inteiro no escritório com horário de almoço não faz parte do dia a dia da geração Z. A maioria deles prega pela liberdade, horários flexíveis e trabalho remoto. Os sonhos mudam de acordo com o que a sociedade muda. Enquanto muitos no passado sonhavam em adquirir um carro próprio, a geração Z já está inserida no transporte movido pela economia compartilhada.

As empresas precisam conquistar funcionários da geração Z com propostas de trabalho interessantes e uma gama de benefícios. Elas podem introduzir a ideia de fundos de previdência e de previdência privada, para que esses jovens comecem a pensar em sua aposentadoria. Quanto mais cedo eles começarem a investir no futuro, mais eles conseguirão angariar fundos para suas aposentadorias.